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Saúde da Mulher O Que Seu Médico Nunca Te Contou!

Apesar de representarmos 51,7% da população brasileira, a saúde da mulher só recebeu atenção específica nas políticas públicas nas últimas três décadas. Na verdade, muitos aspectos cruciais dos cuidados femininos permanecem pouco discutidos nos consultórios médicos, criando lacunas significativas em nossa compreensão sobre nosso próprio corpo.

Além disso, a importância da saúde da mulher vai muito além das questões ginecológicas, abrangendo saúde mental, emocional e cuidados preventivos que raramente recebem a devida atenção. Dados alarmantes mostram que 92% das mortes maternas no Brasil são evitáveis, enquanto enfrentamos riscos específicos como o câncer de mama (o mais incidente entre mulheres) e o câncer de tireoide (três vezes mais frequente em mulheres que em homens).

Neste guia, abordaremos aspectos essenciais da saúde feminina que frequentemente passam despercebidos nas consultas médicas. Desde as limitações dos exames de rotina até os efeitos silenciosos das mudanças hormonais, os riscos pouco discutidos dos contraceptivos e o impacto da jornada dupla em nossa saúde mental — informações que todo profissional deveria compartilhar, mas que raramente são discutidas abertamente.
O que os exames de rotina não mostram

Os exames de rotina são frequentemente vistos como infalíveis, mas a realidade mostra um cenário diferente. Cinco anos após o início da pandemia, o número de mulheres que realizaram mamografias nas capitais brasileiras caiu de 66,7% em 2017 para 59,8% em 2023[1]. No mesmo período, a realização do papanicolau diminuiu de 87% para 78,9% [1].
Limitações do papanicolau e mamografia

Embora essenciais, estes exames apresentam falhas significativas. Em estudo do Instituto Nacional de Câncer, 60% das mamografias apresentadas por pacientes do SUS e clínicas particulares precisaram ser refeitas devido à má qualidade [2]. No Hospital São Paulo, da Unifesp, o índice de rejeição foi de 30% [2].

Os problemas incluem desde chapas escuras ou claras demais, pacientes mal posicionadas, até laudos incompletamente compatíveis com as imagens [2]. No papanicolau, uma preocupação adicional é que muitas mulheres não retornam para buscar seus resultados, interrompendo o processo de prevenção.

Além disso, 45% das mulheres que nunca fizeram papanicolau afirmam achar o exame desnecessário, enquanto 20,6% nunca foram orientadas a fazê-lo [1].
Exames complementares que você deveria conhecer

Quando há alterações, outros exames se tornam fundamentais:Colposcopia: Indicada na presença de alterações citológicas ou teste de HPV positivo [3]
Ultrassonografia transvaginal: Exame de primeira linha para sangramento uterino anormal [3]
Índice ROMA: Auxilia na estratificação do risco de câncer de ovário [3]
Densitometria óssea: Recomendada para mulheres ≥65 anos ou antes na presença de fatores de risco [3]

A biópsia aspirativa por agulha fina (AAF) ou biópsia do nódulo podem ser necessárias para investigação de alterações mamárias [4]. Estes exames são essenciais para complementar as limitações dos exames básicos.
Quando buscar uma segunda opinião

A segunda opinião médica é um direito garantido no Código de Ética Médica [5]. Segundo o Cremesp, é vedado ao médico opor-se à realização da segunda opinião solicitada pelo paciente [5].

Esta prática é recomendada quando você tem dúvidas sobre o diagnóstico, quando existem diferentes opções de tratamento ou quando os resultados dos exames são inconclusivos [6]. No entanto, ainda existe preconceito em relação a isso no Brasil, enquanto em outros países é considerado algo absolutamente normal [5].

Em casos de divergência entre opiniões, o ideal é buscar uma junta médica com um terceiro especialista escolhido em comum acordo [6].
Mudanças hormonais e seus efeitos silenciosos

Nosso equilíbrio hormonal é mais influente em nossa saúde do que imaginamos. Essas substâncias funcionam como mensageiros silenciosos, coordenando desde as emoções até funções vitais do organismo feminino.
Como os hormônios afetam o humor e o sono

As oscilações hormonais impactam diretamente nossa saúde mental. O estrogênio, quando em níveis adequados, melhora nossa concentração, humor e memória. Já sua diminuição, comum na menopausa, modifica os neurotransmissores cerebrais, causando alterações no humor e dificuldades para dormir [7]. A progesterona, por sua vez, possui função ansiolítica natural, e sua queda pode intensificar quadros de ansiedade [8].

Estudos mostram que mulheres têm duas a três vezes mais chances de desenvolver transtornos depressivos e ansiosos durante a idade reprodutiva [9]. Isso ocorre principalmente nos períodos de maior flutuação hormonal, como antes da menstruação, na gestação e no climatério.
Impactos na libido e na pele

O desequilíbrio hormonal frequentemente compromete a libido feminina. Na menopausa, a redução da produção de testosterona e estrogênio afeta diretamente o prazer sexual, além de causar secura vaginal e dores na penetração [10]. O hipotireoidismo também interfere negativamente na função sexual, conforme apontam estudos da Sociedade Brasileira de Endocrinologia [10].

Na pele, o estrogênio está associado ao aumento da produção de colágeno, à espessura e hidratação. Contudo, 2 entre 5 mulheres relatam pele mais sensível durante a menstruação, quando os níveis de estrogênio estão mais baixos [11]. A produção de sebo também varia ao longo do ciclo menstrual, sendo menor na segunda semana [11].
Reposição hormonal: riscos e benefícios

A terapia de reposição hormonal visa equilibrar principalmente o estradiol, a testosterona e a progesterona [12]. Entre os benefícios estão:Redução significativa dos sintomas do climatério como ondas de calor e insônia
Melhora do bem-estar, da libido e da qualidade da pele
Prevenção da osteoporose e diminuição do risco cardiovascular

Contudo, existem riscos, especialmente para mulheres com alto risco cardiovascular ou histórico de câncer de mama [13]. Após 5 anos de uso contínuo, há um aumento de aproximadamente 30% no risco de câncer de mama [14]. Por isso, a terapia deve ser individualizada e preferencialmente iniciada na “janela de oportunidade” – quanto mais próxima da menopausa, maiores os benefícios e menores os riscos [12].
O lado oculto dos métodos contraceptivos

A escolha de métodos contraceptivos vai muito além da simples prevenção da gravidez. Essa decisão afeta nosso corpo de maneiras que raramente são explicadas durante consultas médicas rápidas.
Efeitos colaterais pouco discutidos

Os contraceptivos hormonais, embora eficazes, frequentemente vêm acompanhados de efeitos colaterais que impactam nossa qualidade de vida. Entre os mais comuns estão náuseas, dores de cabeça, sensibilidade mamária e distensão abdominal. Além disso, alterações de humor, acne e redução da libido também são relatadas por muitas mulheres.

Uma pesquisa realizada na Alemanha em 2023 revelou que 61% das mulheres e homens acreditam que a contracepção hormonal tem efeitos negativos no corpo e na psique [15]. Estes efeitos são frequentemente minimizados nas consultas médicas, apesar de serem determinantes para a continuidade do método.
Anticoncepcional e risco de trombose

O risco de trombose está principalmente associado a anticoncepcionais combinados (com estrogênio e progesterona). Mulheres que utilizam estes métodos têm 3 vezes mais chances de desenvolver tromboembolismo venoso comparado àquelas que não utilizam [16].

Este risco é maior nos três primeiros meses de uso, diminuindo a partir do quarto mês [16]. Fatores como tabagismo, hipertensão, idade superior a 35 anos e obesidade aumentam significativamente este perigo [16]. No entanto, é importante mencionar que o risco durante a gravidez é cerca de duas vezes maior do que com o uso de anticoncepcionais [16].
Alternativas não hormonais

De acordo com estudos recentes, existem opções eficazes sem hormônios que merecem consideração:Preservativos: Oferecem proteção contra ISTs e têm eficácia de 82% quando usados corretamente [1]
DIU de cobre: Com taxa de falha menor que 1%, é um método de longo prazo sem hormônios [1]
Diafragma: Apresenta eficácia de aproximadamente 80%, especialmente quando associado a espermicidas [1]
Método sintotérmico: Baseado no acompanhamento da temperatura corporal e muco cervical, tem eficácia de 75% [1]

Apesar de existirem alternativas, o Brasil ainda privilegia a prescrição de anticoncepcionais hormonais. Portanto, é fundamental exigirmos informações completas e tomarmos decisões conscientes sobre nossos corpos, considerando tanto os benefícios quanto os riscos de cada método contraceptivo.
Saúde mental feminina: o peso invisível

A saúde mental feminina enfrenta desafios únicos. Dados recentes do Ministério da Previdência Social revelam um cenário alarmante: as mulheres representam 63,8% das 472 mil licenças concedidas por transtornos mentais no Brasil [17].
Burnout e a jornada dupla

A exaustão profissional atinge desproporcionalmente o público feminino. Um estudo da Deloitte aponta que quase uma em cada quatro mulheres relata sintomas de burnout [17]. Este quadro é agravado pela dupla jornada – enquanto trabalhamos fora, continuamos responsáveis pela maior parte das tarefas domésticas.

De acordo com levantamento do Infojobs, 83% das mulheres enfrentam dupla jornada de trabalho, e mais da metade não recebe ajuda dos parceiros [18]. Realizamos 22% mais trabalho doméstico não remunerado do que homens em tempo integral [17], contribuindo significativamente para o esgotamento físico e mental.
Ciclos hormonais e transtornos de humor

Nossas oscilações hormonais têm impacto direto na saúde mental. Estudos mostram que temos duas a três vezes mais chances de desenvolver transtornos depressivos e ansiosos durante a idade reprodutiva [9]. Esta vulnerabilidade aumenta nos períodos de maior flutuação hormonal – antes da menstruação, na gestação e menopausa.

O estrogênio e a progesterona influenciam diretamente nosso estado emocional. A progesterona tem efeito calmante, enquanto o estrogênio pode aumentar a reação ao estresse [19].
Como o estresse afeta o corpo da mulher

O estresse crônico eleva a produção de cortisol, afetando a regulação do humor e podendo levar a transtornos de ansiedade e depressão [19]. Entre os sintomas físicos, destacam-se dores de cabeça, problemas digestivos, taquicardia, tensão muscular e alterações no sono [20].

Ademais, mulheres sob estresse prolongado podem apresentar falta de apetite sexual, menstruação desregulada, problemas de pele e comprometimento do sistema imunológico [21].
Quando procurar ajuda psicológica

É fundamental reconhecer os sinais que indicam a necessidade de suporte profissional. Busque ajuda quando:Sentir emoções com intensidade desproporcional, atrapalhando atividades cotidianas [22]
Passar por situações traumáticas como perdas, término de relacionamento ou desemprego [22]
Apresentar sintomas físicos sem diagnóstico médico definido [22]
Necessitar constantemente de válvulas de escape como álcool ou comida [22]
Enfrentar ideias fixas ou vontades persistentes difíceis de controlar [22]

O acompanhamento psicológico não é apenas para casos graves. Na verdade, apenas 2% da população adulta brasileira faz terapia, mesmo com o Brasil sendo o país com maior percentual de pessoas com quadros de ansiedade (9,3%) e o segundo em depressão no mundo [23].

O cuidado com nossa saúde mental é parte essencial do autocuidado feminino e merece tanta atenção quanto os aspectos físicos da saúde da mulher.
Conclusão
A importância de sermos protagonistas da nossa saúde

Ao analisarmos todos os aspectos abordados neste artigo, fica evidente que nós, mulheres, precisamos assumir o controle de nossa saúde de maneira completa. Certamente, os exames de rotina são essenciais, porém apresentam limitações que devem ser reconhecidas e complementadas quando necessário. As mudanças hormonais, por sua vez, afetam praticamente todos os sistemas do nosso corpo – desde o humor até a qualidade da pele – merecendo atenção especializada e personalizada.

Os métodos contraceptivos, embora fundamentais para nossa autonomia reprodutiva, trazem consigo riscos que raramente são discutidos com a devida profundidade nos consultórios médicos. Além disso, a sobrecarga mental e física resultante da dupla jornada cobra um preço significativo de nossa saúde psicológica, aumentando nosso risco para transtornos mentais.

Diante dessas realidades, precisamos questionar, buscar informações qualificadas e, principalmente, ouvir nosso próprio corpo. Afinal, ninguém conhece melhor nossas sensações e desconfortos do que nós mesmas. Consequentemente, devemos estabelecer parcerias com profissionais de saúde que realmente nos escutem e respeitem nossas percepções.

A saúde da mulher vai muito além do ginecologista ou do obstetra. Na verdade, envolve uma visão integrada que considera aspectos físicos, emocionais, hormonais e sociais. Portanto, não podemos aceitar respostas simplistas para questões complexas relacionadas ao nosso bem-estar.

Apesar dos desafios, temos cada vez mais acesso a informações e recursos para cuidar adequadamente de nossa saúde. Assim, devemos usar esse conhecimento para tomar decisões conscientes, exigir atendimento de qualidade e, acima de tudo, priorizar nosso autocuidado sem culpa ou hesitação.
FAQs

Q1. Quais são os exames essenciais para a saúde da mulher além do papanicolau e da mamografia? Além dos exames de rotina, é importante considerar a colposcopia, ultrassonografia transvaginal, índice ROMA e densitometria óssea, dependendo da idade e fatores de risco. Esses exames complementares podem ajudar a detectar problemas que os exames básicos não identificam.

Q2. Como as mudanças hormonais afetam o humor e o sono das mulheres? As oscilações hormonais, especialmente de estrogênio e progesterona, impactam diretamente o humor e o sono. A diminuição do estrogênio pode causar alterações no humor e dificuldades para dormir, enquanto a queda da progesterona pode intensificar quadros de ansiedade.

Q3. Quais são os riscos associados ao uso de anticoncepcionais hormonais? Os anticoncepcionais hormonais podem aumentar o risco de trombose, especialmente nos primeiros meses de uso. Mulheres que utilizam métodos combinados têm 3 vezes mais chances de desenvolver tromboembolismo venoso. Outros efeitos colaterais incluem alterações de humor, acne e redução da libido.

Q4. Existem métodos contraceptivos eficazes sem hormônios? Sim, existem alternativas não hormonais eficazes como o DIU de cobre (taxa de falha menor que 1%), preservativos (82% de eficácia quando usados corretamente), diafragma (cerca de 80% de eficácia) e o método sintotérmico (75% de eficácia).

Q5. Como identificar quando é necessário buscar ajuda psicológica? É importante procurar ajuda profissional quando você sentir emoções intensas que atrapalham atividades cotidianas, passar por situações traumáticas, apresentar sintomas físicos sem diagnóstico definido, necessitar constantemente de válvulas de escape como álcool ou comida, ou enfrentar ideias fixas difíceis de controlar.
Referências

[1] – https://flo.health/pt/seu-ciclo/sexo/contracepcao/8-opcoes-eficientes-de-contracepcao-nao-hormonal-para-voce-experimentar
[2] – https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1106200601.htm
[3] – https://www.fleury.com.br/medico/artigos-cientificos/check-up-na-mulher
[4] – https://www.healthywa.wa.gov.au/~/media/BSWA/Fact%20Sheets/CaLD/Information%20on%20further%20tests/T0923907%20PORTUGUESE%20FURTHER%20TESTS%20BSWA%20280509.ashx
[5] – http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=NoticiasC&id=4595
[6] – https://portal.afya.com.br/carreira/quando-solicitar-uma-segunda-opiniao-medica
[7] – https://www.scielo.br/j/rpc/a/LVb39g9jmD6YK4HbF9MS5Jy/
[8] – https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/11/23/menopausa-relacao-dos-hormonios-com-a-saude-mental-da-mulher.ghtml
[9] – https://drauziovarella.uol.com.br/mulher/como-os-hormonios-influenciam-a-saude-mental-da-mulher/
[10] – https://www.draanaluizacardoso.com.br/problemas-hormonais-impactam-libido-feminina/
[11] – https://helloclue.com/pt/artigos/ciclo-a-z/pele-e-o-ciclo-como-os-hormonios-afetam-a-sua-pele
[12] – https://www.cnnbrasil.com.br/saude/menopausa-conheca-beneficios-e-contraindicacoes-da-reposicao-hormonal/
[13] – https://www.apm.org.br/terapia-de-reposicao-hormonal-na-menopausa-conheca-os-riscos-e-os-beneficios/
[14] – https://santamemoria.org.br/quais-os-riscos-e-beneficios-da-reposicao-hormonal-da-menopausa/
[15] – https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/09/07/como-funcionam-os-metodos-contraceptivos-sem-hormonios.ghtml
[16] – https://iacv.med.br/anticoncepcionais-e-trombose-existe-relacao/
[17] – https://forbes.com.br/carreira/2025/04/por-que-o-burnout-afeta-mais-as-mulheres/
[18] – https://sagresonline.com.br/responsabilidade-familiar-e-trabalho-dupla-jornada-contribui-para-aumento-de-burnout-entre-as-mulheres/
[19] – https://clinicaatrios.com.br/estresse-saude-mulheres/
[20] – https://hospitalsantamonica.com.br/o-que-os-especialistas-dizem-sobre-o-estresse-nas-mulheres/
[21] – https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/saude-das-mulheres-pode-correr-mais-riscos-que-a-dos-homens-em-funcao-do-estresse/
[22] – https://www.ufrgs.br/fce/identificar-sinais-de-alerta-e-o-primeiro-passo-para-buscar-ajuda-psicologica/
[23] – https://blog.allcare.com.br/quando-procurar-um-psicologo/

Jéssica Martins

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